Moro em um pensionato, a parte dos fundos do meu quarto, faz divisa com um quintal onde floresce lindo e solto um Ficus de grande porte, cheio de galhos e um bom volume de folhas. Com mais ou menos 5mts de altura. Nele residem aproximadamente 400 amargosinhas.Elas saem de manhã para o campo onde habitavam por gerações. Era ali que elas se alimentavam , batiam papo, reviam amigos e parentes e até um love no final da tarde pintava de presença para aquele que ficou lhe perseguindo o tempo todo, fazendo o ritual de circulação ao redor dela, a mais importante paixãozinha de asas. No final da tarde retornam para a cidade, já que o senhor do progresso lhe tirou as árvores bem perto de onde elas se alimentavam. Este era o ciclo de vida delas, comer pelo dia adentro e dormir a noite nas árvores onde fazem seus ninhos.Hoje pelo baixo custo das multas o senhorio prefere derrubar as matas, e pagar as multas. Só assim teremos mais terras para cultivar.Pela madrugada, aninhadas no grande e majestoso Ficus, nos fundos do quintal do vizinho elas lamentam, com seu pio em tom grave e baixo volume para não incomodar os que sonham neste momento. Criam um coro de viúvas e abandonadas, lamentando as companheiras&parceiros perdidos na batalha criada pelo homem que as usam como subterfugio, escondendo por atras delas esta luta inglória. Lá pelas 5 da manhã elas iniciam este coro, quando acordo e fico pensando : No meu tempo de criança elas não existiam assim. Será que foi algum laboratório que as criou para incomodar o produtor , fazendo com que eles comprassem produtos para elimina-las e o tiro saiu pela culatra. Elas ingeriram o produto e se multiplicaram, criando trabalho para o secretario do meio ambiente, um jovem promissor advogado que outrora pensava na natureza e agora....tem esta grande dificuldade. Lembro-me de S.J.do Rio Preto, SP. , tinham um problema assim: as andorinhas é que eram as vilãs. Não são mais. As amargosinhas serão eliminadas. Gente tão importante como elas, estão sendo dizimadas em alto mar, só porque são belas e saem fora d'água para embelezar as fotos dos turistas, mostrando suas crias, seus relacionamentos, suas danças, seus carinhos, seus cantos de paixão & procura. Nossos irmãos do oriente não querem saber. Elas cairam no esquecimento, hoje a moda e outra nem Roberto Carlos canta mais... Já houve épocas que caçávamos afros descendentes, judeus, mulçumanos, teve a era das patas dos gorilas, eram só para fazer cinzeiros. Com a proibição do cigarro, talvez diminua a caça. É o ciclo da vida, vivendo e não aprendendo. Assim como no filme, se olhares para o alto verás uma nave se aproximando, dizem que muitas delas não são amigáveis....OSSS.
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