domingo, janeiro 03, 2010

Arnaldo Baptista no pais do Colher de Chá


Era uma vez...perseguindo os mutantes, que sem querer entrei em uma kombi no bairrro do bexiga, quem, quem estava pilotando, quem.... Arnaldo Baptista, pelos idos de 69/70.

Acabei de assistir os documentario no canal Brasil (17/09). Feito por gente que adora, que venera, que gosta, e que considera-o um gênio.

ARNALDO BAPTISTA (vide foto) aquele que esteve na colher de chá em 1973, lembrando que a colher foi feita em Cambé-Pr. Arnaldo e seus convidados, Tony Osanah, Joelho de Porco e Escaladácida, uma banda que veio louca para tocar e não deu tempo. A colher de Chá foi o 1 º festival'n'grama de rock do Brasil. Vamos relembrar alguns detalhes: J.J.Jorge Guitar (saudoso Jorjão) veio até a mim, ano 72, e disse: o Claudião vai fazer uma festa de lançamento de dez tonéis de pinga, uma reseva especial do Clube Cascata de Cambé. Perguntou se conhecia uma banda que possa levar para tocar na festa. Haully esteva presente pergunte a sua versão... Ai eu disse: Tenho uns amigos que viriam tocar até de graça, quem, quem, quem... Os Mutantes. E foi assim que tudo começou. Para provar seu carisma, tiveram que reunir a banda novamente, e coloca-los no palco, tinha que ser em Londres/2008. Santo de casa só faz um milagre, não repete a dose. Gente que estavam revivendo a Tropicalia, exigiu a volta a qualquer preço uma bagatela de 100 mil libras. Graças ao Arnaldo, é que aconteceu esta volta. Seu irmão-batata Sergio tudo pelo sol. Que confessou no documentário que além dos maldosos jornalistas que vendem a mãe por uma notícia, ele também não acreditava no Arnaldo. Não vou falar do documentário, não não vou falar do seu pseudo suícido, falo com maior orgulho de sua pira que iniciou com a queda do seu orgão hammond na concha acústica do teatro Castro Alves, a concha fica nos fundos, do grande teatro. Para eu e Damunraxo que ficamos incumbidos pelo grande Kemosabe Peninha o direito e a responsa de descer a caixa leslie, numa escadaria de uns 60 degraus, prá cima e prá baixo, na dúvida fizemos os dois. Você que é músico já viu uma dessa, já tocou numa dessa, então sabe do peso que estou falando. O pessoal presente na platéia era a nata da flora&fauna brasileira, e sem dúvidas nenhuma esse pessoal foi ver o Arnaldo. No pique mais alto do show, ele pirou de vez e derrubou seu hammond por cima dele, quando libertado, ele catou uma vassoura e foi fazer um dos primeiros air guitar baiano, e caiu no repuxo que fica entre a platéia e o palco, como estavamos ali no pé do palco, fomos os primeiros a ajuda-lo. Cara !!!! a platéia era a mais louca que eu já tinha visto na minha vida, a maioria fantasiada, no dia seguinte levamos a leslie para o caminhão, quando ficamos sabendo que a aparelhagem era da Rita e ela tinha liberado somente para Cambé. Saímos de Cambé fomos para Santos e terminamos em Salvador. Sérgio foi honesto em dizer que depois do incidente do hospital a familia seguiu em frente sua vida normal (sic!). Os depoimentos no documentário parecem escolhidos, pois todos eles foram brilhantes em afirmar: A vida dele é o palco. Convivi pouco com ele, na sua casa em Cantareira, ele descia cada dia fantasiado de um personagem conhecido, seus músicos, amigos, irmãos e rodies estavam ficando preocupados. Em um deste dias raros que eu estava dentro da casa, ele desceu de Nero.....Seu piano Honk Tonk, ganho do Keith Emerson foi encrustado em diagonal na parede da sala, Ritchie, que compos Menina Veneno, era o líder da banda Escaladácida, estava trazendo a informação de que somente o Arnaldo tinha sido convidado para participar de um festival fechado que o Pink Flóyd faria na Floresta Negra na Alemanha, durante três dias. Fomos para Salvador, eles voltaram e nós ficamos com o Rock Ebó, da Ana Maria que nos levou até a Casa do Jacaré, um point sagrado da ilha de Itaparica antes dela virar, um porto de bilhionários, quando voltamos para sampa, passei na Cantareira e vi sua casa abandonada, o piano queimado por charuto e uma das melhores coleções de vinil embaixo de uma janela aberta, coleção essa toda molhada... Valeu Arnaldo, por ter-me dado a chance de conhecer a capa do vinil feito pelo Lapi... No País dos bauretes, aquela capa só se vê da varanda do seu quarto. Valeu ter conhecido seu jardim de estatuas de cemitério. Valeu ter dado a chance de conhecer meus ídolos, e de ficar perto deles em uma noite em sua casa para escolher o nome da banda da Rita: Secoia senão se pira ou Gary Gambles, estive nessa mesa votando no nome, chovia lá fora, arrastando barrancos... Mas, isso são outras histórias...

Valeu Arnaldo, a vida são várias em uma só.

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Poema Mário de Andrade -